11 jul Dia Mundial do Chocolate: conheça três marcas da Bahia que têm reconhecimento internacional
Nesta sexta-feira (7), se comemora do Dia do Mundial do Chocolate. A sobremesa, derivada do cacau, tem grande prestígio no sul da Bahia, região que abriga produtores com reconhecimento internacional.
Doces, amargos, cremosos, crocantes. Existem variados tipos de chocolates que aumentam as opções de escolhas dos clientes.
O chocolate produzido a partir do cacau do sul do estado tem marcado presença em feiras e concursos nacionais e internacionais nos últimos anos.
Com sabores únicos, os produtos chamam atenção e ganham destaque entre os competidores e expositores. O cenário anima o setor de produção.
Segundo dados divulgados na quarta-feira (5), pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), o mercado de chocolates registrou crescimento acima do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A indústria de chocolate registrou um crescimento de 9,8% na produção do primeiro trimestre deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2022. No mesmo recorte anual, o PIB cresceu apenas 4%.
Entre janeiro e março de 2023, foram produzidas 219 mil toneladas de chocolate no Brasil, sendo 17,5 mil toneladas exportadas
O resultado? Chocolates com concentrações de cacau variadas, desde 25% a 100%, e, diferentes tamanhos e sabores como os com recheios de jaca, umbu, goiaba, cupuaçu e abacaxi, ou tradicionais.
Para marcar a data, o g1 conversou com três marcas famosas do segmento. Veja abaixo um pouco da história de cada uma delas:
Terra da felicidade
Chor tem conquistado o coração de amantes do chocolate espalhados pelo mundo. — Foto: Arquivo Pessoal
Com o slogan “Uma viagem do cacau ao prazer”, a produtora baiana de chocolate Chor tem conquistado o coração de amantes do chocolate espalhados pelo mundo.
Criada em 2013, na cidade de Ilhéus, no sul do estado, a marca é conhecida pela diversidade de sabores e o cuidado com o meio ambiente.
“Nosso propósito é levar os atributos e elementos que envolvem a cultura do cacau até o prazer de quem consome”, explicou um dos donos da Chor, Marcos Lessa.
O produto mais vendido pela marca baiana é o chocolate de origem “Bahia Terra da Felicidade”, vencedor do Prêmio Gourmet Bronze AVPA 2021, concedido pela Agência de Valorização dos Produtos Agrícolas (AVPA), uma organização não governamental sediada em Paris.
“Começamos a trabalhar produzindo chocolate com alto teor de cacau e com apenas os ingredientes necessários para fazer um bom chocolate: cacau, manteiga de cacau, açúcar e leite”, contou Marcos Lessa.
Chor tem conquistado o coração de amantes do chocolate espalhados pelo mundo. — Foto: Arquivo Pessoal
Produzido com 55% de concentração de cacau, o chocolate ao leite mais intenso concorreu com 81 marcas de 22 países produtores de cacau.
Na oportunidade, cinco produtores conquistaram a medalha de ouro: dois do México, um do Equador, um do Peru e um de El Salvador. A prata foi para 14 produtores e o bronze para 22.
Com a chegada da pandemia da Covid-19, a empresa precisou fechar a loja conceito instalada em Ilhéus e restringir o mix de opções para os seguintes sabores:
- o 44% cacau, que é o “São Jorge dos Ilhéus”;
- o 55% cacau, que o o “Bahia Terra da felicidade”;
- o 70% cacau, que é o Terra de Santa Cruz;
- 77% cacau, Ouro Negro;
- O mais intenso, que é o 88%, Baía de Todos-os-Santos.
“Começamos a trabalhar muito mais forte esses chocolates e temos alguns gourmets, feitos em épocas, que são os brancos puros e os brancos com níbis, que são espetaculares e têm grande mercado”, acrescentou o dono da marca.
Para Marcos Lessa, o grande diferencial da Chor está exatamente no cuidado que tem com todas as etapas da produção.
“Existe uma preocupação com a sustentabilidade, sem que isso comprometa o sabor inesquecivel e a fidelização. A paixão, que nossos clientes têm pelo nosso chocolate, a gente não abre mão”, ressaltou.
Chor tem conquistado o coração de amantes do chocolate espalhados pelo mundo. — Foto: Arquivo Pessoal
Após a pandemia da Covid-19, a Chor voltou a iniciar o processo de internacionalização da marca. O objetivo é levar o sabor do chocolate baiano para as prateleiras do mundo inteiro.
“Nós começamos o nosso processo de internacionalização em 2019, mas a pandemia atrapalhou um pouco. Estamos trabalhando para que agora voltemos a ter a Chor embarcada”.
A receita da empresa é dinâmica: o respeito ao meio ambiente, ao homem inserido nele, ao cacau, a técnica com que ela produzida, além do cuidado com a embalagem.
“O sabor tem que ser inesquecível e deixar o nosso chocolover completamente apaixonado”, afirmou Marcos Lessa.
Cacau unido aos sabores regionais
O lema da Benevides Chocolates tem se consolidado no Brasil e no exterior. — Foto: Arquivo Pessoal
“De Itabuna para o mundo”. O lema da Benevides Chocolates tem se consolidado no Brasil e no exterior. A prova disso foi a premiação na Academy of Chocolate de Londres, no final do ano passado.
A Academy of Chocolate é uma das maiores referências do mundo em chocolates premium, fundada em 2005 por cinco dos principais profissionais de chocolate da Grã-Bretanha unidos na crença de que comer chocolate fino é um dos grandes prazeres da vida.
“O grande diferencial da nossa empresa é a união do cacau com os sabores regionais. A nossa pegada vai mundo nesse sentido”, explicou Leilane Benevides, a criadora da marca.
Esse pensamento fez com que desde 2018, fossem criados chocolates com sabores um pouco excêntricos como: jaca, açaí com banana e canjica.
Chocolate de jaca — Foto: Arquivo Pessoal
Na 30ª edição do “Chocolat Festival”, que acontece entre os dias 20 e 23 de julho deste ano, no Centro de Convenções de Ilhéus, no sul da Bahia, será lançado o sabor “bolo de aipim”.
“Quando a gente chega nos eventos, nas exposições, as pessoas se surpreendem com a junção de sabores com o chocolate. Geralmente as pessoas procuram o chocolate clássico, que é com o açúcar e leite, mas a gente faz a brincadeira das junções naturais, sem conservantes”, explicou Leilane Benevides.
O chocolate de bolo de aipim traz algumas particularidades. Ele é branco, mas vegano. Características pouco vistas no mercado do setor.
“É um ao leite vegetal. Ele tem o aipim desidratado e leite de coco. É difícil achar um chocolate branco vegano”, pontuou.
Chocolate de rapadura. — Foto: Arquivo Pessoal
Leilane Benevides conta que trabalhava como bancária quando iniciou a aventura com os chocolates. A empresária sempre foi apaixonada por confeitaria e faiza doces por hobby.
“Como no banco eu trabalho diretamente com produtores de cacau, chegou um momento que eu sugeri a eles que agregassem valor na amêndoa, para poder aumentar a receita da propriedade, mas eles questionavam quem iria comprar”, contou Leilane Benevides.
Com isso, a baiana decidiu se especializar na cadeia ‘cacau-chocolate’ para passar informações para os clientes do banco.
“Fiz uma pós-graduação em gestão e negócio de cacau-chocolate e comecei a praticar para saber se tinha aprendido”.
Os primeiros experimentos foram feitos na área de serviço da casa em que Leilane Benevides morava. Desde então, cinco anos de empresa consolidada e premiações.
Neste momento, a empresa aguarda o resultado da World Chocolate América, que é uma competição dos Estados Unidos.
“Já era para ter saído desde o dia 30 e eu já estou em cólicas. A gente está concorrendo com oito chocolates e temos grande expectativa de termos uma premiação”, revelou a baiana.
O lema da Benevides Chocolates tem se consolidado no Brasil e no exterior. — Foto: Arquivo Pessoal
Para Leilane Benevides, as premiações oferece um sentimento de orgulho. “A região tem um potencial muito grande para poder produzir chocolates totalmente diferenciados e desejados no mundo. Digo isso porque a gente expõe lá fora e as pessoas ficam loucas especialmente com os de frutos que lá não tem e aqui muitas vezes não são valorizados”.
Os amantes da Benevides Chocolates e os que ficaram curiosos para experimentar o sabor, podem, atualmente, procurar lojas parceiras espalhadas pelo Brasil ou fazer encomendas através das redes sociais.
“Vamos participar de rodadas de negócios em Ilhéus e a expectativa é de iniciar o processo de exportação até o início de 2024”, projetou Leilane Benevides.
A marca faz chocolates artesanais de origem com cacau fino da “cabruca”. A produção é feita do grão à barra (“bean to bar”). Os cuidados são rigorosos em cada etapa da produção dos chocolates, desde a seleção das amêndoas de cacau até a compra diretamente das mãos do produtor.
Chocolate de cupuaçu — Foto: Arquivo Pessoal
A fábrica da Benevides Chocolates está localizada no coração da região cacaueira do sul da Bahia. O local amplo permite ir além da produção de chocolates, já que no mesmo espaço se tem a loja de fábrica, cozinha climatizada para cursos, auditório, hall de visitação repleto de arte e cultura regional e um terraço para eventos.
Através de uma visita guiada pela fábrica é possível conhecer todas as etapas de produção de um chocolate desde a torra do cacau até o processo de embalagem, além da degustação garantida dos produtos e derivados do cacau.
“A gente lançou em 2018 e todos os anos estamos no festival. Já temos o chocolate com rapadura e flor de sal, esse ano criamos o de cupuaçu em tablete. Agora a gente segura a onda e só deixa para lançar outro produto no final do ano, em outro festival, e esse vai abalar o mundo da chocolataria, está em testes”, revelou em tom de brincadeira.
Tradição e legado familiar
Ju Arléo foi criada após menina pedir máquina para fazer chocolates — Foto: Arquivo Pessoal
No meio da pandemia, quando muitas empresa viviam momentos de incertezas, nasceu a empresa Ju Arléo. Nova do mercado do chocolate, é o resultado de um legado familiar, que começou há 50 anos, na produção do cacau e que vem acrescentando novos rumos.
“A nossa produção é desde o cacau até o chocolate assim como outras marcas aqui da região, mas o nosso diferencial é a questão do legado familiar”, contou Julianna Torres.
A empreendedora produz cacau com o marido, o empresário Lucas Moreira Arléo, na tradicional Fazenda Santa Rita. O cenário cresceu em 2016, quando a família começou a se especializar na produção de cacau especial.
Ju Arléon produz chocolates com vários níveis de café — Foto: Cria Solo
Quem olha de fora não imagina que os novos rumos chegaram a partir da problematização de uma garotinha que estava prestes a completar 8 anos e hoje tem 10.
Júlia Arléo desde pequenininha sempre acompanhou todo o processo familiar de vivência da produção do cacau. Aos 7 anos, levou a pergunta para os pais: “Por que a gente não poderia fazer o nosso próprio chocolate?”
A garota aproveitou e pediu uma melanger, moedor de pedra para triturar as amêndoas de cacau e transformar em chocolate, de presente de aniversário.
“A gente comprou no intuito de brincar de fazer chocolate, de aprimorar nosso cacau, conhecendo o processo e vivendo essa transformação. Essa brincadeira começou na cozinha de casa e virou uma porta para o mercado”, contou Julianna Torres.
Desde então, os resultados mostraram que a menina foi visionária. A barra de chocolate intenso 70% com mel de Uruçu conquistou medalha de prata em um concurso de chocolate em Londres, no ano passado. Em 2020, outra barra, de chocolate intenso 70% cacau, ficou em 3º lugar no Prêmio CNA Brasil Artesanal.
“Nosso processo é artesanal, a gente produz tudo com seleção desde o cacau até o produto final. Temos hoje nove produtos desde o suave até o intenso”, explicou a mãe de Ju Arléo.
A empresa produz chocolates desde a linha infantil, para paladares mais suaves, aos mais intensos, com cafés especiais e bananas.
O premiado 70% com mel de Uruçu. — Foto: Arquivo Pessoal
A Ju Arléo tem ainda o queridinho dos clientes, o 70% cacau com nibis cristalizados, açucar e canela, o premiado 70% com mel de Uruçu e o mais recente lançamento que é o doce de leite crocante.
“Ele é o chocolate branco, caramelizado, com floco de arroz”, explicou a delícia que foi lançada em maio, em um evento realizado em Salvador.
Os chocolates da Ju Arléo são vendidos em cidades baianas como Ilhéus, Itacaré, Barra Grande e Salvador. Os produtos também podem ser comprados no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Recife, Pelotas e Curitiba. A empresa também conta com revendedores virtuais.
“É muito gratificante ver uma história que começou há muitos anos, na época áurea do cacau, passou pela crise da vassoura de bruxa e hoje o pai da Ju é a terceira geração na produção do cacau. Com essa ideia da Ju, a gente já consegue enxergar que teremos uma quarta geração de cacau, continuando o trabalho com o cacau e para melhorar a gente enxerga que o trabalho ganha o novo brilho, que é o chocolate”, ressaltou a mãe, orgulhosa da filha.
Festival de Ilhéus
A 30ª edição do tradicional “Chocolat Festival” acontece entre os dias 20 e 23 de julho deste ano. — Foto: Divulgação
A 30ª edição do tradicional “Chocolat Festival” acontece entre os dias 20 e 23 de julho deste ano, no Centro de Convenções de Ilhéus, no sul do estado, terra de origem do evento.
Esta é a 14ª vez que o festival será realizado na “Terra da Gabriela” e promete marcar a história do maior evento de cacau e chocolate da América Latina com uma programação gratuita para todos os públicos.
No encontro deste ano há expectativa de atração de mais de 300 expositores de, pelo menos, 120 marcas, além da programação que inclui expositores nacionais e internacionais, destacando os aspectos culturais, turísticos, gastronômicos e sociais que envolvem a cadeia produtiva do chocolate e cacau.
O 14º Festival Internacional de Chocolate e Cacau em Ilhéus acontece após o grande sucesso da 2ª edição do Chocolat Festival Xingu, realizado em Altamira, no Pará, em junho deste ano, quando foram captados mais de R$ 5 milhões em negócios na estrutura que recebeu mais de 100 mil visitantes em quatro dias de evento.
Em 29 edições, o “Chocolat Festival” se consagra como um grande promotor de negócios para os estados que já receberam o evento, favorecendo quem se associa à marca, tendo gerado R$ 150 milhões em negócios.
Desde 2009, o Festival Internacional de Chocolate e Cacau já atraiu mais de 1 milhão de visitantes, distribuiu mais de 80 mil certificações em oficinas e cursos técnicos e gastronômicos, contribuindo para a criação de mais de 350 marcas em todo o país.
Fórum Anual do Cacau
6º Fórum Anual do Cacau, um dos maiores eventos de sustentabilidade do cacau no país — Foto: Priscila Piardi
Um evento paralelo ao festival acontece nos dois primeiros dias do “Chocolat Festival”, 20 e 21 de julho: o 6º Fórum Anual do Cacau, um dos maiores eventos de sustentabilidade do cacau no país. As inscrições para o Fórum podem ser feitas no site do evento.
O encontro tem entre os objetivos disseminar conhecimento, compartilhar casos de sucesso e unir os diferentes atores da cadeia para discutir soluções rumo a um setor mais próspero e sustentável.
Na tarde do dia 20 de julho será realizado um painel sobre a “Demanda global por sustentabilidade e oportunidades para o cacau do Brasil”, com participação de Carina Pimenta, Secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente; Daniel Brandão, da Vox Capital; Eduardo Bastos, da MyCarbon; Renê Medrado, do Pinheiro Neto Advogados; e Thais Ferraz, do Instituto Arapyaú. A moderação será de Pedro Ronca, do CocoaAction Brasil.
No dia seguinte, acontece um “mix” de painéis e apresentações sobre temas relevantes para o setor, como a “Importância da adubação para elevação da produtividade”, apresentado por Paulo dos Santos, da RR Agroflorestal, e “Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sustentável na Mata Atlântica” com Roberto Vilela, da organização Tabôa, e o produtor Luciano Ferreira da Silva.
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
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